A MASTURBAÇÃO TAMBÉM É FONTE DE PRAZER
Por Nicéas Romeo Zanchett
A masturbação é uma prática solitária que muitas vezes acontece por absoluta falta de parceiro. Mas também existem homens e mulheres que preferem a masturbação ao sexo com parceiro. Algumas mulheres que tem dificuldade de chegar ao orgasmo com o parceiro busca na masturbação o prazer desejado.
Recentemente muitos autores de sexologia envolviam a masturbação com um verdadeiro manto de perigos e danos, tanto ao corpo quando à mente. Isso aconteceu muito pela influência religiosa, que coibia as práticas sexuais desvinculadas da finalidade reprodutiva. Como sabemos, as religiões usam muitos artifícios para dominar o intelecto de seus seguidores e a sexualidade, até hoje, é vista como prejudicial por muitos líderes religiosos que não conseguiram evoluir com a ciência. Essa ignorância tem trazido muito sofrimento e frustração às pessoas.
Primeiramente é preciso deixar bem claro que, independente da idade, homens e mulheres se masturbam. Muitos pensam que essa é uma prática apenas de adolescentes, mas não é verdade. Mesmo os adultos idosos se masturbam e só deixam de fazê-lo quando a sua sexualidade decai pela sua condição física, o que é absolutamente natural. O próprio "Relatório Kinsey" (a bíblia do sexo dos anos 50), revelou num estudo que 94% dos homens entrevistados admitiram se masturbar regularmente.
Nada no mundo imaginário pode ser controlado ou eliminado. A fantasia é parte inseparável da sexualidade humana. Ela ajuda o imaginário das pessoas a viver decentemente e, em muitos casos, evita violência contra mulheres indefesas. Hoje, a masturbação já está sendo considerada e até recomendado por médicos e psicólogos como forma, também, de diminuir o stress e a ansiedade.
A psicologia já confirmou que masturbar-se é um ato que exercemos desde bebês. Bebês de cinco, seis meses, que já tenham alguma coordenação motora, manipulam os genitais. É óbvio que essa masturbação não tem fins semelhantes à masturbação de um adolescente ou adulto. Mas, independente do conhecimento da função, os órgãos genitais constituem áreas erógenas e, portanto, proporcionam prazer. A masturbação vai se tornar uma atividade intensificada a partir de três, quatro anos de idade. Nesse primeiro estágio, a masturbação é simplesmente a manipulação do órgão de prazer. Mas, ainda hoje, na maioria dos casos, a criança é imediatamente proibida pelos pais, porque essa região é vivida como algo absolutamente proibido, sujo, impróprio e desqualificado para manipulação e investimento afetivo. O conhecimento do próprio corpo, dos nossos limites e do prazer são fundamentais para uma vida sexual satisfatória. Tudo isso surge com a masturbação. Portanto, carregar de preconceitos esta busca de satisfação é um equívoco. Não existe mais dúvida de que se trata de um exercício saudável da sexualidade.
Quando uma criança é proibida de manipular seus genitais, essa proibição não se dá em função dela mesma, mas sim da imaginação do adulto que está proibindo a criança que existe dentro dele mesmo de mexer nos próprios genitais, visto que na infância também foi proibido. Esse adulto, na verdade, carrega a culpa de uma prática que é absolutamente natural, sadia e inofensiva. A psicologia, em seus profundos estudos, tem mostrado que não há dificuldades ou proibições da vida sexual adulta que não tenham origem na infância.
Por volta do final do quinto ou sexto ano de vida, a criança começa a moralizar o mundo. Ao fazer isso ela vai lançar mão das proibições originárias da masturbação infantil e dar a elas uma interpretação moral. A partir daí, pode ocorrer desde o aumento excessivo da masturbação, até o abandono total, dependendo de como a criança vivenciou o seu meio familiar e, principalmente, viveu na sua imaginação a vida sexual permitida pela família. É justamente essa vivência que terá consequências para o adulto, quando a masturbação pode se tornar uma alternativa casual ou um processo complementar na vida sexual e, em muitos casos, até uma atividade doentia. Nos neuróticos vai acarretar um exagerado sentimento de culpa; nos perversos pode se tornar a única forma de atividade sexual; e, nos psicóticos, a masturbação é igual à da criança: absolutamente isenta de proibição, podendo ocorrer em qualquer ambiente ou situação.
Muitas vezes, a masturbação é abolida da vida adulta como se fosse algo dispensável e depreciativo. É mais comum do que se pensa encontrar mulheres que nunca conseguiram se masturbar ou, quando se masturbam , são acompanhadas de profundos sentimentos de culpa. Esse sentimento negativo faz com que muitas abandonem completamente sua sexualidade. Para elas simplesmente não há vida sexual, nem masturbatória, nem genital. Já outras fazem dela uma verdadeira vergonha. São poucas as mulheres, por exemplo, que quando não conseguem encontrar satisfação numa relação sexual, se masturbam na frente do companheiro. Para elas isso seria uma grande afronta ao parceiro, porque, na verdade, vêem o ato sexual como uma afronta a elas mesmas. Ora, é normal e adequado que ela busque uma forma alternativa, como a masturbação, se a satisfação não foi obtida no ato sexual. Muitos homens são machistas, só se preocupam com próprio gozo e não estão nem aí para os sentimentos da parceiro que lhe deu prazer.
A masturbação é parte integrante da sexualidade . Não há porque fazer dela algo diferente na vida sexual normal de uma pessoa, onde é importante o beijo, o abraço, os toques, o de olhar o parceiro, o ser olhado e, inclusive, o manipular dos genitais. Não há porque ter medo do prazer, de experimentar o prazer só seu - uma alternativa sadia e tão natural quanto o beijo. É preciso ficar bem claro que sexo não é apenas penetração.
As mulheres são privilegiadas. Na verdade, elas não precisam do homem para obter o prazer que desejam. Afinal de contas, um homem tem apenas uma zona erógena sexual principal, um só órgão sexual, ao passo que a mulher tem duas: a vagina, o órgão genital propriamente dito, e o clitóris, análogo ao órgão masculino."
Não há estatísticas precisas à respeito, mas, ao que tudo indica, os meninos (homens) se masturbam mais do que as meninas (mulheres). Em geral a masturbação feminina é mais carregada de culpa, mas isso também está mudando; elas estão aprendendo conhecer melhor o próprio corpo e isso é muito bom.
Nicéas Romeo Zanchett
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Nicéas Romeo Zanchett