QUANDO O DINHEIRO PREJUDICA O AMOR
Nicéas Romeo Zanchett
Não são poucas a vezes em que o dinheiro prejudica o amor.
A mulher moderna ganhou muito espaço profissional e hoje muitas ganham mais do que os homens. Foi uma maravilhosa conquista, mas tem prejudicado o relacionamento de muitos casais. Muitas mulheres ganham o dobro do salário de seu marido e aí surgem as desavenças. No princípio vem uma natural satisfação, mas aos poucos, esta diferença salarial torna-se motivo de irritação. É muito comum que o marido, sabedor da condição financeira da mulher, já nem queira mais dividir as contas do condomínio, do colégio das crianças, do supermercado. O sucesso profissional da mulher acaba arruinando o casamento. A mulher vai percebendo que, no lugar do marido, ela tem agora mais um filho, um dependente adulto. E isso é terrível.
A mulher que ganha mais do que o marido subverte a regra estabelecida, preconceituosa, de que cabe ao homem prover financeiramente a família, e à mulher cabe prover afetivamente. Trata-se de um velho conceito maniqueísta, que acaba por colocar o homem como antagônico à mulher.
O dinheiro sempre foi um símbolo de poder, tanto entre pessoas quanto entre nações. Quando é utilizado para exercer o poder sobre o outro, dominar e subverter o parceiro, a relação se torna perversa. A competição e a disputa também pertencem a este mesmo terreno, já que implicam em vencedor e vencido, um vitorioso e outro derrotado, dois rivais numa luta esterilizante.
No caso de casais empresários a relação é ainda mais interessante. Quando cada um tem seus negócios à parte pode surgir uma espécie de competição empresarial. Neste caso é muito comum trocarem opiniões sobre os negócios um do outro, mas jamais devem competir para saber quem ganha mais. Isso acontecendo atingiria toda a família e fatalmente levaria o casamento para o mundo da infelicidade.
Um homem nunca deixa de ser o chefe da família simplesmente porque está ganhando menos do que sua mulher. Uma boa solução seria dividir as despesas naturalmente, sem definir quem é o responsável por esta ou aquela conta. Quando um gasta alguma coisa a mais para a própria satisfação pessoal não pode ser motivo de questionamentos. As mulheres costumam ter muitas despesas pessoais que podem ser com sua beleza, médicos, sua roupa e até com coisas íntimas e isto deve ser feito naturalmente, sem que se sinta no dever de comentar com o parceiro. O casal precisa descobrir que o dinheiro é apenas um acessório que trás conforto.
Muitos casais, racionais, são objetivos e práticos: quem ganha mais paga mais. Eles simplesmente somam os salários para sustentar a casa e os filhos. Vem daí o nome "renda familiar".
Sovinices e mesquinharia são responsáveis pela maioria dos divórcios nos Estados Unidos, símbolo do capitalismo selvagem.
Os homens se acostumaram usar o dinheiro como sua bandeira, não sabem o que fazer desde que as mulheres conquistaram a liberdade sexual e independência financeira. Eles se sentem humilhados , com baixa auto-estima, deprimidos, como se tivessem perdido a única coisa importante que pudessem fazer no casamento. Muito sofrimento poderia ser evitado se as pessoas aprendessem a não confundir amor com dinheiro. Geralmente não é dinheiro que está faltando, mas afeto. A moeda que vale no casamento é o do companheirismo, da cumplicidade, do carinho, do colo nos momentos difíceis.
É muito grande o número de mulheres ricas que simplesmente ficam sozinhas por medo de que o homem que lhe demonstra interesse só o faz devido ao seu dinheiro. Muitas passam a vida toda sozinhas com medo do tal "golpe do baú". Ora, vamos ser felizes que a vida passa rapidamente; hoje existem muitos artifícios jurídicos que podem proteger o patrimônio de possíveis aventureiros. Por outro lado, existem "homens" e "homens"! Portanto, não fique numa redoma que a vida lá fora pode ser maravilhosa.
Muitas mulheres que ganham mais do que o marido se sentem mal por terem que pagar tudo. Não é que estejam querendo economizar, mas isto as leva a uma sensação de desamparo e de abandono; é como se o marido não lhe service para nada e elas estivessem profundamente sozinhas. Nesse caso nenhum dinheiro do mundo conseguirá preencher este vazio afetivo. A conjuntura do seu casamento serve apenas para representar sua estrutura emocional frágil.
Marido de mulher que ganha mais também tem problemas. Existem casos de homens que agridem não apenas com palavras, mas fisicamente sua companheira porque ela ganha mais.
A mulher de nossos dias se tornou muito competitiva e é natural que tenha promoções profissionais. Aí, de uma hora para outra surge um excesso de críticas por parte do parceiro, geralmente sem o menor fundamento. A primeira impressão que ela tem é de que seu marido não a ama mais. Depois de um certo tempo fica claro que a relação começou a se deteriorar a partir de uma determinada promoção. Nesse momento a mulher precisa fazer uso de sua inteligência privilegiada, começar a escutar suas queixas e aproveitar a oportunidade para fazê-lo entender que seu afeto por ele não mudou em nada. Com o tempo e paciência os dois aprenderão conviver com a nova situação.
Por outro lado, é preciso considerar que nem sempre os desajustes matrimoniais são consequências diretas do fato de a mulher ganhar mais do que o homem. Pode ser um fator adicional à desestabilização já existente, já que despertam sentimentos de frustração profissional e pessoal.
Duas pessoas que criam algo juntas estão se dispondo a somar os recursos que possuem. O prazer do casamento é a parceria, o compartilhar de projetos e da criação dos filhos e, acima de tudo, lembrar sempre que casamento não é uma competição.
Nicéas Romeo Zanchett
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