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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

CONSUMISMO DESENFREADO E TRANSTORNOS AFETIVOS

CONSUMISMO DESENFREADO E TRANSTORNOS AFETIVOS 
Por Nicéas Romeo Zanchett 
Antes de comprar alguma coisa, pergunte se você não pode viver sem ela. 


                  Por trás dos problemas financeiros pessoais, sempre existe algum transtorno emocional ou afetivo. 

                   Não são poucas as pessoas que, quando estão deprimidas ou com raiva, lançam-se à compras desenfreadas. Mas quanto mais gastam menos se sentem preenchidas afetivamente e mais necessidade elas tem de gastar.  Por tal razão, apesar de ganhar o suficiente para arcar com as despesas básicas, muitas estão constantemente endividadas. E essa situação gera uma série de outros transtornos, inclusive na própria saúde, que  podem  leva-las ao desespero. 
                   O perdulário que se endivida e gasta demais está sempre na lista de devedores de bancos e cartões de crédito. Mas por trás disso está um problema muito mais grave que provavelmente tem sua origem na infância. Atitudes perdulárias podem expressar uma personalidade insaciável, com dificuldades emocionais e afetivas. Este tipo de pessoa  faz da compensação consumista e do acúmulo de coisas desnecessárias um meio para não se confrontar com os outros. Para escapar da sensação de vazio e de que não pode nada, precisa acreditar que pode cada vez mais, que nada é impossível para ela; e comprar é a forma que encontrou para alternar sentimentos de impotência com onipotência e assim vai da depressão à euforia. 
                    Um bom começo em busca da verdadeira satisfação afetiva é evitar as explosões consumistas que certamente vão trazer muitas dores de cabeça na hora de pagar a conta e pouca satisfação pessoal. "Olhe para as coisas que já comprou e que não lhe servem para nada."   



                    Mas não é apenas o perdulário que tem problemas. Existe o sovina, rico e avarento que nunca se satisfaz com o que já conseguiu comprar. Para este o dinheiro assume uma função de expressão de força, de poder, para compensar a fragilidade interna. As principais características observadas nesse tipo de comportamento é uma personalidade  que apresenta uma estrutura interna extremamente fragilizada, insegura, agressiva, onde a auto-estima é quase nula. O recurso utilizado para mascarar estes sentimentos se dá através de explosões internas de ódio, no trabalho, em casa e também com os amigos.  São pessoas que vivem aterrorizadas em perder tudo o que tem, embora sua fonte de renda seja estável e segura. Quanto mais retem, mais angústia é gerada porque mais se tem para perder.  

                    Todos nós conhecemos alguma pessoa que quer ser dona do mundo. Tenta encontrar no dinheiro a segurança para sua fragilidade emocional. Pode ser alguém muito bem estruturado, mas cuja segurança emocional só se dá com o acúmulo de riquezas. Costuma sempre conter suas emoções com um rígido controle das trocas que estabelece com o mundo através do dinheiro.  Ele acumula riqueza e bens para negar o seu desamparo e a falta que sente do contato afetivamente verdadeiro com os outros. 
                     Relacionamentos onde o dinheiro  define tudo é uma das formas de transformar seus semelhantes em objeto sem valor para provar seu poder sobre eles. Não são poucas as pessoas que usam o dinheiro para controlar o parceiro (ou a parceira), aquela pessoa que escolheu para dividir a própria vida.  O sovina exita em romper um relacionamento ruim primordialmente porque tem medo de dividir os bens e, portanto, perder parte daquilo que conquistou. 

                     A consciência é o juiz divinal que existe em cada ser humano. E é ela que muitas vezes desperta o sentimento de culpa e leva o acumulador de riquezas abrir mão de alguma coisa para se auto-aliviar. Precisa mostrar a todos que é generoso e bom porque internamente se sente ruim, hostil, que faz mal aos outros. Nessa busca desesperada por reconhecimento, ele insiste com regularidade  em pagar jantares, emprestar dinheiro ou comprar presentes caros, porque acredita que assim as pessoas irão gostar dele e admirá-lo mais.  Embora esteja sendo pródica com os outros, sente-se culpado ou ansioso em  gastar dinheiro consigo mesmo. Uma das causas desse tipo de comportamento pode ser resultado de uma situação sutil de abandono, de rejeição, que ela viveu na infância com os pais. Portanto, até o generoso pode ser um problemático. Se por um lado ser generoso significa um real crescimento pessoal , por outro pode ser uma forma de aplacar sentimentos de culpa. Um bom exercício de generosidade consigo mesmo é repartir não o dinheiro, mas suas emoções com os amigos.  Valores que não sejam dinheiro ou equivalente, geram mais autoconfiança e segurança e logo as reações de agressividade diminuem, porque o indivíduo passa a ser ele mesmo e não um vazio.  
                      A necessidade de se exibir e ostentar seu poder econômico o tempo todo indica um estado grave de isolamento afetivo. Fora isto, vai se envolver num círculo de relações superficiais e interesseiras para mascarar a fragilidade  de sua  autoestima.
                      No momento em que os conflitos com o dinheiro estão sendo agravados por conflitos emocionais ou psicológicos, é hora de parar e procurar ajuda.  Mais do que tudo, é indispensável buscar a valorização de si mesmo através de outros sentimentos que não estejam ligados ao dinheiro. O poder que dá o "vil metal" não pode ser a única fonte de prazer, de comunicação e de expressão.  
Nicéas Romeo Zanchett 
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