OS PRAZERES SEXUAIS
Em nossos dias os prazeres sexuais estão fundamentados não apenas na evolução da moral, da ética, dos costumes e posições sexuais, mas, principalmente em descobertas médicas sobre o comportamento fisiológico do corpo humano.
Os hormônios tem muita influência sobre o desejo sexual. Eles são mensageiros entre os orgãos sexuais e as zonas de decisão da libido. Entretanto o mecanismo do desejo é muito complexo e não permite uma simplificação ginecológica. Para as mulheres, existem períodos distintos: o anterior e o posterior à ovulação. Uma mulher que não esteja na menopausa, nem sob efeito de pílulas anticoncepcionais, segrega o hormônio progesterona apos a ovulação que pode motivar o aumento do seu desejo. Este apetite, comum a partir do quinto dia da menstruação, só é sentido por muitas na segunda metade do ciclo. É que a primeira metade do ciclo tem como função principal o amadurecimento do óvulo e preparação para a chegada dos espermatozóides até o colo do útero. Por isso, nesse período, a mulher saudável pode sentir mais vontade de fazer amor. Entretanto não existe nenhuma lógica no desejo feminino; as mulheres são imprevisíveis e cada caso é um caso. Existem aquelas que se sentem atraídas pela simples conversa de um homem e outras sentem desejo por determinada parte do corpo masculino como a bunda, por exemplo.
Deseho de Romeo Zanchett
Tanto para o homem como para a mulher o sexo oral é prova de amor e maturidade erótica. Mesmo entre os que praticam, ainda existe um grande tabu. Sem dúvida, é um tabu de origem religiosa. O poderoso Papa Pio V condenava à morte os culpados que também eram deserdados de seus emblemas civis e da sucessão segundo o direito romano. Na prática, a questão é vista de outra forma: muitas pessoas sentem repulsa pelas secreções do parceiro (a); pelas mucosidades de outro corpo. Mas o erotismo é capaz de vencer a repugnância, fazendo com que os parceiros descubram a poesia que há na troca de substâncias de um corpo para outro. A felação, assim como a cunilingus (estimulação oral feita pelo homem na mulher) representa a vitória do amor sobre a repulsa. A maturidade erótica de um casal é a adaptação perfeita dos gostos entre parceiros sexuais. Dessa forma, se um dos dois regeita essa prática, deve ser respeitado. A harmonia sexual do casal é um aprendizado que acontece aos poucos e de forma natural. O amor é um jogo sutil que não admite pressões nem exige bravuras. Não há motivos para ninguém sentir-se regeitado ou exigir provas de maturidade erótica. Quando há amor e harmonia, o sexo acaba acontecendo como se deseja. Não é verdade que as mulheres querem ter orgasmos em todas as relações sexuais. A grande mairoria sente-se feliz com a simples excitação sexual e com o prazer que desperta no parceiro. É uma felicidade mais psíquica que física. Mas existem também as que têm uma satisfação plena , chegando mesmo a múltiplos orgasmos, quando o corpo e a mente atingem o uníssono milagre do amor.
Escultura em relevo de Romeo Zanchett
Não há uma forma matemática para agradar e dar prazer todas as mulheres. Há mulheres que preferem a estimulação clitoriana; outras que se satisfazem com a penetração vaginal, e assim por diante. O certo é que, mesmo com as mulheres mais saudáveis, nem sempre o orgasmo acontece. Apesar disso, um encontro sexual pode ser altamente realizador e feliz. A mulher é inteligente e sabe tirar o maior prazer, mesmo nas relações frustradas, porque sabe que o orgasmo é facultativo e nem sempre corpo e cabeça estão dispostos a lhe conceder este prêmio. A relação sexual prazerosa exige paciência, entendimento entre o casal, troca de confidências e fantasias. O jogo sexual pode estar escondendo estórias de amor platônico, anos seguidos de masturbação solitária, enfim, intimidades que o parceiro precisa conhecer para que o prazer possa acontecer. Com o amadurecimento da relação e o engajamento entre o casal, as posições capazes de produzir prazer serão cada vez mais variadas e criativas. Mas ninguém deve esperar atingir sua plena satisfação a cada uma delas e sempre; o amor é uma arte; quanto maior dedicação à sua prática, mais chanse de sentirem-se realizados e felizes.
Foi-se o tempo em que as mulheres encaravam o sexo como um dever conjugal. No jogo do amor entre casais de bom nível os protagonistas são os dois. Não mais se justifica a participação passiva da mulher durante o coito se, fora da cama, é ela quem a maior parte do tempo decide a vida do casal. Não é preciso ser feninista para reivindicar seu prazer. É em nome de sua feminilidade que ela deve buscar sua realização. A liberação feminina não implica numa renúncia aos privilégios masculinos. Dispostos a usufruir o máximo de prazer do sexo, homem e mulher conseguem, juntos, a hegemonia do amor numa relação de cumplicidade.
A excitação, resultado de um encontro de peles, muitas vezes vem em volta por todo um trabalho de imaginação intelectual. É exatamente nesse ponto que o desejo erótico do homem difere do desejo animal. Ele usa sua inteligência e memória para compor um belíssimo concerto amoroso. Uma cena de amor pode resultar de total improvisação e do acaso, mas também pode ser fruto de um oceano de reflexos condicionados e fantasias contidas.
Havendo fantasias, os parceiros devem partilhá-las com o outro por inteiro. Quando está presente o amor não há espaço para pudor. O jogo sexual não tem limites. Pode exigir até acrobacias para despertar a libido.
Nem todos os casais dependem de fantasias e outras motivações para chegar ao êxtase. Em muitos casos o amor nasce e cresce em bases reais, sem que a fantasia surja para intensificá-lo e engrandecê-lo ainda mais.
Muitos casais gostam de apimentar a relação com as mais diversas
pornografias (livros, filmes, vídeo, telefone, artes gráficas, espetáculos eróticos). Da mesma forma, ninguém deve sentir-se frustrado por não conseguir uma ereção diante de um filme pornográfico, por exemplo. A sexualidade é extremamente complicada e depende da sensibilidade de cada um. Muitas vezes a obsenidade, em vez de excitar, pode até chocar. Ainda que em filme, muita permissividade pode desagradar até o mais voraz dos homens.
Depois dos sessenta anos, mesmo para homem que jamais tenha interrompido sua vida sexual, as condições psicológicas mudam a maneira de fazer amor. As reações à excitação ocorrem de forma mais lenta, a ereção demora mais a acontecer e eventualmente até a ejaculação pode ser aleatória.
Embora os moralistas condenem a união de uma mulher mais jovem a um homem septuagenário, na realidade, pode ser benéfica para os dois. No encontro de um novo amor seu interesse se torna mais vivaz. Pode até ser que passados alguns meses o desejo arrefeça, mas no início da relação, usando do seu handicap, o homem maduro pode ter uma excelente performance sexual. Assim como muitos casais não dispensam um fundo musical a seus encontros amorosos, há pessoas que precisam criar uma atmosfera estereofônica para ter prazer na relação sexual. O próprio rítmo da respiração se incumbe de, durante a excitação, gerar mais excitação no parceiro. Os suspiros e sussuros também acontecem naturalmente, sem que provoquem sentimentos de culpa ou vergonha.
A verbalização do prazer ainda é vista por muitos como coisa feia, razão pela qual procuram conter. Este conformismo, ou pudor, em geral acontece às mulheres. Já os homens, que por sua educação machista sempre se viram liberados para fazer sexo, se entregam com mais facilidade à saudável prática de dizerem o que sentem. Num encontro pleno, homem e mulher trocam confidências íntimas, que necessariamente não precisam ser sussurados. Se houver vontade, os gritos também podem acontecer em alto e bom som. É um ato muito natural e a mulher também pode (e deve) extravasar seu prazer, dizendo o que sente ou tem vontade de sentir.
Durante muito tempo se acreditou que a intensidade do orgasmo feminino dependia do tamanho do clitóris. Hoje sabemos com certeza de que isto não tem o menor fundamento.
O clitóris, uma zona erógena essencial e parte integrante do aparelho sexual feminino, se torna intumescido quando excitado durante os jogos amorosos. Nessas horas, como conseqüência de sua ativação, provoca sensações de prazer, que podem inclusive levar ao orgasmo. Por essa razão é a parte mais utilizada na masturbação. Mas esta resposta sensorial independe de sua constituição. Mesmo um clitóris pequeno será capaz de provocar um enorme prazer, desde que as condições psicossomáticas da mulher sejam favoráveis.
Escultura de Romeo Zanchett
O beijo é uma herança dos egípcios e gregos que, mais de dois mil anos depois, ainda faz sucesso entre as modernas civilizações. Esta prática amorosa, onde a língua é usada em sucções recíprocas, ainda hoje é cercada de muito tabu. Sem dúvida a troca de saliva requer uma grande interação e intimidade entre o casal, daí a importância de uma perfeita higiene buco-dentária que muitas vezes deixa a desejar. O beijo na boca - ato de enorme sedução e gerador de muita emoção - pode provocar repugnância a parceiros pouco identificados. Os jovens de hoje tem banalizado esta expressão de amor quando procuram "ficar" com vários parceiros numa única noite. Apesar do prazer por ele provocado, o beijo não pode ser considerado a maior expressão do amor; é possível chegar-se ao orgasmo sem que haja beijos como prelúdio.
Ainda em nossos dias, por pura ignorância, muitos acreditam que quanto maior o pênis maior será o prazer dispensado pelo homem à parceira. Esta afirmação ainda muito comum só serve para levar os homens aos infernos da angústia, da insatisfação, do preconceito e da insegurança. Entretanto a sua realidade anatônica e funcional não interfere em nada com a função do prazer, a não ser é claro, em casos caracterizadamente patológicos como um micropênis, que impossibilita a penetração ou, ao contrário, um orgão extremamente avantajado, capaz de transformar o coito numa experiência desconfortavelmente dolorosa ou até mesmo impossível. Em média a vagina tem 12 cm de profundidade do introito vaginal (vulva) até a entrada do colo do útero. Sendo assim, um pênis bem dotado pode até ocasionar traumatismo na mulher. Além disso, um homem com pênis muito avantajado pode ter grande dificuldade para enrijessê-lo e assim mantê-lo até o final do coito. Ele necessita de maior quantidade de sangue bombeado pelo coração.
Uma boa saúde é o maior afrodisíaco que existe. Sabe-se, agora, que a sexualidade é um fenômeno bastante complexo que envolve vários setores do organismo: o nascimento do desejo no cérebro através dos estímulos externos, o acionamento das usinas hormonais ligadas ao desejo erótico, os feixes nervosos que transmitem a mensagem do desejo até os órgãos sexuais e a vasodilatação de seus corpos cavernosos. Qualquer mau funcionamento de um destes setores pode penalizar todo o processo erótico. E tudo isso depende de uma boa saúde geral.
Nicéas Romeo Zanchett
http://gotasdeculturauniversal.blogspot.com.br
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