DIFERENÇAS ENTRE EROTISMO MASCULINO E FEMININO
O relacionamento de um casal deve sempre levar em conta as fundamentais diferenças que existe entre os dois parceiros. Principalmente o homem, nunca pode esquecer que está diante de uma pessoa cujos sentimentos são muito diferentes dos seus. Para começo de conversa, a mulher age sob o impulso dos hormônios femininos e o homem dos hormônios masculinos. Isto por si só basta para dizer o quanto é importante usar a sensibilidade diante da parceira.
O erotismo masculino é ativado pela forma do corpo, pela beleza física, pelo fascínio, pela capacidade de sedução da mulher. Não pelo reconhecimento social, pelo poder, pela posição social. Se um homem tem a passibilidade de escolher, para fazer amor, entre uma mulher importante ou famosa, mas não tão bela e outra comum e simplesmente linda, não terá dúvida em escolher a segunda.
Na mulher tudo é diferente. Elas não procuram homens bonitos, mas sim aqueles que tiveram mulheres bonitas. Tendem a uma permanente competitividade entre si. O erotismo feminino é profundamente influenciado pelo sucesso, pelo reconhecimento social, pelo aplauso e, principalmente, pela classificação no elenco da vida. É por essa razão que se sentem atraídas por artistas famosos, homens carismáticos, lideres religiosos ou com alta posição social e poder. Eles são amados, mesmo que seja fraternalmente, por muitas outras mulheres e isso desperta o erotismo feminino. As feministas esplicam esse fenômeno com o fato de que foi sempre o homem que mobilizou o poder. A mulher, dizem elas, ao longo dos milênios, aprendeu a erotizar a proteção do poderoso. Entre os mamíferos superiores, a fêmea entrega-se ao macho que derrotou os rivais e domina o território. Entre humanos pode ser verdadeiro como fato antigo, mas, com a igualdade entre os sexos, esta situação tende a lentamente desaparecer.
Resumindo, pode-se dizer que o homem sonha com mulheres diversas, enquanto a mulher vive paixões com um único homem, mas absolutamente extraordinário.
Não há dúvidas de que o homem ama a variedade e a mulher, ao contrário, busca um amor eterno. O primeiro sonha com um corpo sensual, a segunda, com uma relação amorosa duradoura, até que a morte os separe. Sertamente a mulher é mais possessiva, persistente e fiel com seu escolhido. Para ela a masculinidade é um atributo físico e social. O simples olhar, um gesto de comando, o modo de falar, o carro esporte, o odor, a superioridade, são fatores que nunca passam despercebidos. Em sua forma benévola, suave, a masculinidade se apresenta no arquétipo do príncipe encantado.
Entretanto, se o encantamento dependesse apenas das qualidades reconhecidamente sociais das pessoas, todos os homens se apaixonariam unicamente pelas mulheres belíssimas, e as mulheres unicamente pelos homens poderosos e famosos. Isso realmente não acontece. Há portanto, aqui, uma oposição erótica pelo lider poderoso, que se dirige a um objeto coletivamente reconhecido, e o enamoramento, que envolve a individualidade por si mesma. O enamoramento subverte os valores sociais, as hierarquias reconhecidas. Quando está apaixonada, a mulher ama até a pequenez, os defeitos, as fraquezas, a fragilidade do amado. Ama-o como ele é, não levando em conta a opinião do resto do mundo. Seu amor posiciona-se acima da opinião coletiva. Toda a mulher procura encontrar o herói no amado.
O correspondente feminino do poder é a grande beleza. Nela se oculta uma terrível carga competitiva. As mulheres já perceberam, com estupor e inquietude, que freqüentemente os homens tem medo da beleza feminina. A mulher muito bonita sempre desperta desejo, mas também desconfiança e temor. Por essa razão, homens bonitos, inteligentes, cheios de qualidades, com muita freqüência se casam com mulheres feias ou apenas agradáveis. O gosto não mudou, mas aprenderam a desejar algo mais modesto, mais ao seu alcance e, principalmente, que lhe dá segurança.
A grande beleza é atraída inexoravelmente pelo poder, e o poder tende a monopolizá-la. A sedução feminina tende a produzir uma emoção erótica indelével. Mesmo quando se trata de apenas uma aventura, um único encontro, provoca no homem um desejo que se acende como uma tocha.
A observação objetiva e sem preconceitos da realidade nos mostra que existem apenas algumas categorias de homens que possuem mulheres belíssimas: astros famosos, alguns milionários, grandes atores, poderosos diretores, líderes carismáticos e até gangsters. Quem pretende a mais bela deve estar sempre disposto a defendê-la a qualquer custo. No poema de Goethe, quando Fausto encontra a bela Helena, é obrigado a conquistar Esparta e derotar Menelau numa guerra. Esse profundo vínculo ansestral, mas sempre vivo e renovado, torna os homens comuns mais prudentes.
Ao seduzir um homem a mulher quer, acima de tudo, produzir um enamoramento, suscitar nele um desejo permanentemente e renovável. Porém sua meta última não é o ato sexual, mas sim despertar-lhe um encantamento e fixá-lo sobre si. Por essa razão o estímulo sexual deve ser, ao mesmo tempo, recusa, obstáculo. O estímulo apressado em consumar a satisfação sexual não é um encantamento, mas sim o esquecimento, o desinteresse. Isto acontece porque aceita o fim do estímulo. O encantamento é o contrário do obsceno
O macho, quando pensa na conquista, tem em mente a relação sexual sem continuidade. Para seduzir um homem a mulher precisa de bem pouco artifício. Basta levantar a saia, deixar que entreveja seu seio, sussurar-lhe que o deseja e ele imediatamente se acende, pronto para fazer amor. No erotismo masculino o que conta é a intensidade do encontro sexual. Tem, portanto, um princípio e um fim. Ele vê tudo como uma experiência regeneradora, da qual sai enriquecido, reforçado, feliz, realizado. Já para seduzir uma mulher a tarefa não é tão simples. Ela tem em mente a emoção erótica que o faça desejá-la para sempre. Ela não quer apenas uma conquista, mas sim um romance, uma continuidade. Sempre de disse que toda a mulher espera pelo príncipe encantado que virá despertá-la. Ela o espera para mostrar-lhe uma beleza que ele desconhecia e fazê-lo experimentar desejo e paixão. Quer fazer-se desejada, ser lembrada para sempre. Age toda no presente, mas tem os olhos no futuro.
O homem enamorado experimenta, às vezes, um sentimento de profunda tristeza pensando que o divino momento que vive está destinado a desaparcer, a perder-se no tempo. Durante a separação, continuará a pensar em sua amada. Às vezes sente mesmo um desejo lancinante. Se imagina tê-la perdido para sempre, sentirá uma angustia tão dolorida que o deixará completamente indefeso. A lembrança dela mora em seu coração. Entretanto, se o homem não está enamorado, o desejo de revê-la dependerá da beleza do encontro. Se este foi muito gratificante, desejará encontrá-la outra vez. A sedução feminina tende a isso, mas o enamoramento profundo é um acontecimento raro, improvável. Além disso, mulher tem dificuldade de reconhecê-lo com segurança. Tende a confundir o apaixonamento com a continuidade temporal física, coisa válida para ela, mas não para o homem. Diante dessa situação, a sedução feminina procura renovar-se, duplicar-se com o objetivo de exorciar o descontínuo que existe nele. Mas, assim fazendo, é obrigada a repetir o esforço e torna-se cada vez mais insegura.
A mulher é artífice de uma contínua transfiguração de si mesma e da sua casa. Quando inicia uma relação amorosa que lhe agrada muito, despreende uma energia incrível preparando-a, tornando-a atraente, confortável, acolhedora, para que seu homem ali encontre alegria e vida. A casa, seu ninho de amor, é verdadeiramente uma extenção de si mesma, de seu corpo.
O homem tem uma natureza de total despreendimento amoroso. Adormece facilmente apos o ato sexual, afasta-se, vai embora. Isto acontece até ao mais apaixonado dos amantes, ao mais puro dos heróis. Em algum lugar, sempre existe uma fonte de esquecimento ou de amor. Por essa razão a mulher está sempre vigiando o amado, seja ele marido ou amante. E nisso não há nada de marterno, como muitos imaginam. É uma reação primária, que pertence à sedução e ao erotismo da sedução. A mulher que quer manter seu parceiro cuida e procura manter vivo o amor, nela ou no próprio homem, sem jamais romper aquele fio tênue que é a atração erótica.
Todo o encontro luminoso é um fragmento de tempo, modificável pela fantasia, que sempre poderá ser lembrado como um acontecimento de vida.
Nicéas Romeo Zanchett
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