SEM MEDO DE ENVELHECER
A velhice, em nossos dias mais do que nunca, é um estado de espírito e não uma situação cronológica.
Todos nós envelhecemos, mas não precisamos nos fechar no egoísmo, na indiferença, e nem perder a curiosidade intelectual.
A velhice é inevitável. Ela não é algo que aparece de um dia para o outro e, por isso mesmo, devemos preparar-nos para vivê-la com felicidade. É preciso ter bom senso e não direcionar todos os esforços para recriar a ilusão da mocidade e nem fechar a porta para o futuro que se teme.
Apagar as marcas dos anos é a maior esperança de quase todas as pessoas que um dia notam que envelheceram. A cirurgia plástica pode remodelar o corpo e, principalmente, o rosto, mas o milagre para por aí.
É preciso ter consciência de que ser jovem não é apenas ter aparência juvenil, mas também viver, pensar e agir sem se preocupar muito com a idade. Os prazeres serão, talvez, menos numerosos, mas as alegrias mais profundas; porque aprendemos conhecer o preço do amor e da amizade, sabemos, escolher, julgar e apreciá-los melhor, selecionando o que é importante e o que não é. É fundamental permanecermos prontos para acolher tudo aquilo que a vida, qualquer que seja a idade, nos traz de extraordinário, em todos os domínios.
A chamada terceira idade é, na verdade, a idade das conquistas verdadeiras. É o período da vida em que, depois de tantas lutas com vitórias e derrotas, vamos, se assim desejarmos, realizarmo-nos completamente, confirmando a personalidade no campo de escolha de cada um, uma vez que não perdemos mais tempo em procurar, em interrogar-se, em escolher; já sabemos o que desejamos, para onde vamos e o que melhor nos convém. É a idade em que gozamos de um equilíbrio e um vigor que raramente conhecemos antes; estamos finalmente ao abrigo das tempestades sentimentais, liberados da servidão da maternindade ou paternidade; nos transformamos num personagem com o qual pode-se contar no plano familiar, social ou profissional.
As coisas mais importantes para quem quer envelhecer saudável e feliz são a mudança gradativa dos habitos alimentares e a consciência dos limites físicos que a idade permite. As carências alimentares repercutem tão gravemente sobre o organismo do idoso quando do jovem, mas o corpo idoso não tem as mesmas condições de defesas. Os dois maiores perigos que devem ser evitados são: ceder ante a falta de apetite, ou, ao contrário, a uma gulodice excessiva. A alimentação deficiente torna qualquer um vulnerável à menor enfermidade. Por outro lado, comer demais equivale a sobrecarregar o organismo, que tem meios de combustão reduzidos e, portanto, cansá-lo; além disso, o excesso alimentar nos expõe a engordar, com todas as suas decorrências.
Envelhecer bem e feliz depende, portanto, de um aprendizado que nos levará a viver em função de nossa idade. Ao longo dos anos, um novo ritmo se instala na vida de cada um; ele está relacionado com a idade, mas também com o conforto e com um entusiasmo que vai diminuindo. Os limites se fixam por si mesmo, mas vale a pena examiná-los para saber o que convem ou não fazer.
Nicéas Romeo Zanchett
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