A professorinha de jardim de infância, nascida em Niteroi no dia 25 de março de 1945, ensinou o brasileiro a deixar de ser careta. Era uma mistura de Merilyn Monroe e Dercy Gonçalves.
Dona de uma beleza cativante. Seus hábitos não eram nada ortodoxos. Tinha uma olhar penetrante e sexy. Era irreverente, debochada e muito talentosa.
Leila viveu em plena época da repressão, mas sempre foi dona do próprio nariz. Não tinha falsos pudores e transgredia à vontade, sem nunca se preocupar com a opinião dos outros. Quando foi perseguida pela polícia política, acusada de dar apoio aos militares de esquerda, escondeu-se no sítio do Flávio Cavalcante, o mais famoso apresentador de TV da época.
Sua vida profissional como atriz foi gloriosa. Atuou em 12 novelas. Fez filmes como "Todas as Mulheres so Mundo", dirigido por seu ex-marido Domingos de Oliveira; trabalhou com Cacilda Beker na peça "O Preço de Um Homem"; fez participações em novelas da TV Globo. Ainda no cinema, estrelou "Fome de Amor" de Nelson Pereira dos Santos e em 1969 resolveu ressuscitar o tetro de revista ensaiando "Tem Banana na Banda", no Teatro Poeira, de Ipanema. É nessa época que dá a famosa entrevista a Jaguar, Tarso de Castro, Sérgio Cabral e Paulo Garcez (fotógrafo) do jornal "O Pasquim". Dizia frases contundentes como: "Transo de manhã, de tarde e de noite", Você pode muito bem amar uma pessoa e ir pra cama com outra. Já aconteceu comigo". Em sua entrevista para "O Pasquim" falou mais de 70 palavrões, (na época substituídos por asteriscos para evitar problemas com a censura) e fez revelações de fazer corar as senhoras castas da época. Entre outras coisas, confessou que perdeu a virgindade aos 15 anos para um homem casado.
Entre muitas histórias interessantes conta-se que Leila estava no camarim da TV Excelsior quando entra a atriz Tônia Carrero, com o dedo em riste (...)- "Você está saindo com meu marido" gritava, (referindo-se ao produtor César Thedim). - "Eu não estou roubando o marido de ninguém - devolveu Leila-, não pego êle pela orelha e levo para a cama. Cuida dele, eu não tenho culpa se êle vem atrás de mim".
Leila foi a primeira mulher a exibir orgulhosa sua gravidez, usando um pequeno biquini na praia de Ipanema - (Rio de Janeiro).
Na ocasião, em entrevista, disse: "Eu me tornei ídolo e mito, mulher símbolo da liberdade e do amor livre. Mas não é nada disso. Eu simplesmente quero que o amor seja mais simples, mais honesto, mais puro. Sem os tabus e as fantasias que a sociedade inventa, e que o destruíram. O homem está aí, a mulher também. É só se encontrarem sem frescura".
Em 1972 foi a Austrália representar o filme "Mãos Vazias" e receber o prêmio de melhor atriz no Festival de Cinema de Adelaide. Na volta, em julho, o avião DC8 da Japan Airlines, onde viajava, caiu na Índia e explodiu. Só cinco pessoas sobreviveram, mas Leila não voltou para nós e especialmente para sua filha Janaina que, ainda bebê, ficou com os amigos Chico Buarque e Marieta Severo até seu pai, Rui Guerra, poder assumí-la.
Sua morte, aos 27 anos, nos deixou saudades eternas. Leila, uma rara mulher, conseguiu mudar tudo e todos à sua volta. O vazio que ficou não há como ser preenchido.
Leila, onde você estiver, olhe por nós.
Nicéas Romeo Zanchett
Se você quer ler a entrevista que Leila deu ao Pasquim poderá encontrá-la pesquisando "Entrevista de Leila Diniz ao Pasquim"Ou acessar http://midiaalternativabypc.blogspot.com.br/2007/06/polmica-entrevista-de-leila-diniz.html
Nicéas Romeo Zanchett
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