O desenvolvimento da sensibilidade sexual, desde a primeira infância, vai determiar os inúmeros aspectos da conduta sexual do adulto.
Houve uma época em que as mães eram aconselhadas a não brincar nem afagar demasiadamente suas crianças para não "estragá-las".
Muitas pessoas imaginam que o desenvolvimento precoce da sexualidade das crianças é produto das seduções sofridas em casa ou da influência da rua, mas isto não é verdade. Pode acontecer, mas na maioria das vezes não é.
Por volta dos três a cinco anos a criança descobre que é na área genital que se encontra a sua maior fonte de sensações agradáveis. Todas as crianças, durante este período da vida, atravessam uma intensa excitação sexual. Nesta fase, como também mais tarde na puberdade, a excitação sexual passa a ter predominância sobre as outras funções em circunstâncias apropriadas, desde que o desenvolvimento da criança se tenha dado de um modo sadio. Tal como o adulto, ela experimenta tensões sexuais que levam-na a tocar-se para eliminar o estímulo, friccionando e apertando o órgão sexual. Nestes toques está o início de sua educação sexual e é através deles que a criança se prepara para receber amor. Trata-se da auto-satisfação sexual, também conhecida como tão temido onanismo infantil que, ao contrário do que se pensa, não é absolutamente perigoso. Desta época em diante, as atitudes sexuais vão sofrendo um gradativo processo de formação, no qual atravessam várias fases até tomarem forma de idéias e sentimentos mais especificamente reconhecidos como sexuais.
No curso de seu desenvolvimento, a criança vai descobrindo outros lugares em seu corpo que também lhe proporcionam prazer. Se o adulto tiver maturidade e deixar a criança em paz, a masturbação nunca terá conseqüências negativas, mas, pelo contrário, constituirá um período preparatório muito importante para a sexualidade do futuro adulto. Entretanto, quando é censurada, castigada ou ameaçada ela deixará de se tocar, mas o impulso que dá origem à excitação física não cessará. Neste caso, ou bem a criança irá continuar se masturbando angustiada, ou conseguirá dominar-se, mas sentirá angústia da mesma forma. A criança que tem medo de masturbar-se se torna nervosa, angustiada e difícil de ser educada.
O onanismo, em si, não é prejudicial se praticado sem problemas, ou seja, sem sentimento de culpa ou remorsos, e se, além disso, o curso da fantasia e excitação não é perturbado. A atribuição de conseqüências nocivas ao onanismo é resultado de fantasias e escrúpulos que desviam o curso da excitação. Ainda hoje as ideologias eclesiásticas procuram apresentá-lo como um vício a ser combatido. Quando é reprimido, o menino começa a combatê-lo, procura reprimir seu estímulo sexual natural que, entretanto, é mais forte que sua vontade consciente.
Tal como acontece com os adultos, os desejos sexuais da criança dirigem-se para quem ela pretende ser amada e saciada fisicamente. Essa outra pessoa faz parte do seu estreito círculo familiar que na maioria das vezes é o próprio pai ou a mãe. A menina passa a fantasiar e querer ter filhos com o pai, tomando o lugar da mãe. O menino quer substituir o pai e fazer com a mãe as coisas inquietantes e proibidas que passam pela sua cabeça. Isto acontece porque a criança tem, muitas vezes, uma imagem imprecisa do sexo. Surge então uma situação conflituosa, sobretudo porque o progenitor do mesmo sexo, que ao mesmo tempo é objeto de amor, deve ser eliminado como um rival pouco desejado. Se, além disso, os pais proíbem severamente seu onanismo, castigando seus jogos sexuais, a criança relaciona tais castigos com fantasias proibidas que fazem sua angústia crescer.
Os pais devem ter paciência e deixar esta fase passar naturalmente. Com o tempo a criança renuncia o desejo pelo pai ou pela mãe e se volta para outras pessoas, com as quais é possível, em princípio, ter relações normais.
A criança que na primeira infância experimentou uma demasiada sensação de medo, no futuro terá dificuldade para manter qualquer atividade sexual normal. Poderá tornar-se um adulto impotente ou uma mulher frígida. Por outro lado, mimar excessivamente a criança é tão prejudicial quanto dar-lhe uma educação severa porque agindo assim, forçosamente, a criança se apegará de forma demasiada aos pais. Por exemplo: quando se permite que a criança vá para a cama com os pais, suas fantasias sexuais aumentam consideravelmente. Muitas mães, que se desiludiram com o matrimônio, passam a dedicar todas as atenções e ternura aos filhos em busca de uma compensação pelo amor perdido. Procuram sempre estar perto deles, monopolizando todo seu amor. Essas crianças, em geral, ao crescerem se convertem em "filhinhos da mamãe" e, portanto, em adultos incapazes.
Muitas vezes, sem perceer, as mães excitam o filho dedicando-lhe excessivos cuidados corporais. O treino para a higiene representa um papel importante na educação sexual. É uma das fases mais difíceis, tanto para a criança como para a mãe.
É muito comum a mãe querer que o filho haja como adulto e, sem saber, pode perturbar profundamente sua evolução, forçando-o a um adestramento precoce, que não corresponde às suas necessidades naquele momento. Os orgãos de excreção, por exemplo, tem estreita relação com os de fecundação e nossa atitude para uns, muitas vezes, corresponde ao modo como encaramos os outros. Quem considera o funcionamento do intestino e da bexiga como algo desagradável ou nojento, tende a colocar as relações sexuais no mesmo plano, esquecendo-se de que neles se encontra o próprio mistério da vida e da preservação da espécie. Esta fase de treinamento corresponde ao que a psicologia diferencial ensina como sendo uma época em que o "poder de reter", "fechar-se" ou "soltar e deixar correr" representa um papel muito importante para a criança. Se ela é forçada à higiene com grande rigor, castigos e ameaças, pode acontecer que sua capacidade de se expandir mais tarde - numa relação heterossexual, por exemplo - venha a ser inibida. Muitas vezes a incapacidade para o orgasmo está relacionada com esta fase.
Através da influência que os pais exercem sobre a vida instintiva da criança, formam seu caráter e determinam seu futuro.
A felicidade depende da liberdade e ela precisa ser aprendidade desde a infância, quando somos moldados para a vida de adulto.
Nicéas Romeo Zanchett
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